Era sexta-feira e eu terminava meus preparativos para a noite de Natal. Logico que os tais preparativos diz respeito a roupa, banho, cabelo, unha... Engana-se quem pensa que passei o dia na cozinha esquentando a barriga no fogao e suando a testa cozinhando peru. Minha preguica culinaria eh tamanha que a cara-de-pau aqui nem sequer levou uma saladinha para contribuir na ceia. Dureza!!! Mas sou euzira mesma, caruda e escalada.
Escolhi um vestido estilo hippie, que comprei em Pozitano/Italia, para usar na grande noite junto da linda familia ituana, que me acolheu com muito amor e alegria. Assim que coloquei o tal vestido percebi o resultado das inumeras corridas na esteira. Minha roupa nao estava justa como no dia dia em que a comprara em Julho. Vibrei nos primeiros segundos. Iupiiiii, ta soltinho. La se foram algumas gordurinhas!!!! Avalia daqui, avalia de la. Levanta as bracos, da uma viradinha na frente do espelho e pronto, percebo que nao foram apenas minhas gordurinhas que sumiram, meus peitos tambem. Credo!!!!! Cade o volume?? O que se passa?? Eles nao estao tao durinhos como de costume... Bastou essa cena para dar inicio ao conflito existencial e estetico.
A essas alturas a ira ja tinha tomado conta do meu ser. Tantos absurdos assombraram meus pensamentos quando caiu a ficha: meus peitos nao sao imunes a lei da gravidade e eu nao tenho mais 18 anos. Eis a realidade dos fatos. Desolada com a descoberta, fiquei apalpando de la, levantava pra ca enquanto escolhia um sutia que desse uma boa sustentacao e quem sabe, os deixaria mais voluptuosos. Sei que estava indo celebrar o Natal e nao para a balada, mas enfim, fiquei "mexida" com a tal descoberta.
Chegando na casa da mae de Itu, tudo era soh alegria. Estar junto daquelas adoraveis pessoas nao podia ser mais animador. A casa estava cheia. Cheia de gente bonita, cheia de comida, palhacadas... uma perfeita celebracao. La pelas tantas, chegou a ultima integrante da familia. Ela vestia preto dos pes a cabeca, incluindo um lenco negro que cobria a falta de seus cabelos. A jovem sorria e distribuia alegria confortando a todos que a fitavam. Seus olhos emanavam a alegria de estar em familia celebrando mais um Natal e isso certamente era maior do que a dor que enfretara ao longo do ano na luta contra o cancer de mama.
Bastaram alguns segundos para eu refletir. Posso dispensar as palavras nesse momento, a situacao fala por si soh. Numa rapida conversa com minha consciencia disse a mim mesma o quao ridicula sou ao me preocupar com a lei da gravidade que atua sobre meu corpo. Cabisbaixa fiquei por algum tempo, olhei para a arvore de Natal que estava no canto da sala, olhei em volta e me deixei contagiar pelo que ha de mais valioso durante nossa jornada chamada vida: dar e receber amor. Gozar a vida com saude eh o que importa!
Obrigada querida familia ituana!
