Tuesday 17 November 2009

Cervical Smear test every three years?????


Eis um assunto um tanto complexo a ser abordado: realizacao do pre-cancer a cada tres anos. Aqui, no pais considerado de primeiro mundo, os habitos de higiene e saude sao diferentes do nosso "subdesenvolvido" pais habitado por indios tupiniquins (muitos daqui pensam que somos primitivos).

Na Inglaterra as mulheres realizam o pre-cancer apenas a cada tres anos e somente a partir dos 25 anos. Nao adianta inisitir e querer convencer seu medico no GP, a regra eh essa e pronto. Eh visivel que isso acontece por questoes de gastos, uma vez que toda e qualquer despesa medica, seja consulta, exame, internacao hospitalar... eh custeada pelo governo. Seria o nosso SUS, porem em um padrao um pouco mais digno.

Pois bem, percebe-se que o que mais importa eh minimizar gastos e nao necessariamente a saude da mulher. Esse tipo de cancer desenvolve-se rapidamente e se nao diagnosticado em tempo, pode ser fatal, ou seja, tres anos eh muito tempo para esperar pela proxima revisao ginecologica. Logico que nao tenho propridade para falar sobre o assunto, enquanto escrevo leio informacoes a respeito. O curioso eh que todos os sites que li apontam a importancia de fazer o "papanicolau" (assim eh chamado no Brasil) a cada seis meses ou anulamente. Nisso tudo me pergunto: Como as inglesas conseguem ficar passivas a esse sistema? Um povo que tem o habito de contestar, protestar... tudo a toda hora, se sujeita a fazer o "smear test" num periodo tao prolongado. Eu sinceramente, nao me convenco. Varias vezes tentei trocar uma ideia sobre isso, mas elas acham que eh "paranoia" se preocupar. Acho isso paradoxal, pois pais desenvolvido para mim eh reflexo nao apenas de desenvolvimento economico, mas tambem de qualidade de vida.

Isso ainda nao eh tudo, existe outra questao associada ao tema que eh o incetivo do governo em vacinar meninas adolescentes a partir dos 12 anos de idade contra o HPV (virus responsavel pelo cancer do colo de utero). Mais uma vez fico absorta com o que vejo por aqui. Ate onde consigo compreender, ha um incentivo implicito da ausencia de preservativos na vida dessas meninas, pois uma vez vacinadas, nao "ha nada a temer", seria um lema do tipo "Foder sem ter nada a perder". Nao eh um tanto bizarro??? Aqui campanha a favor do uso de preservativo eh praticamente inexistente, nao se fala. Como pode??? Qual eh a explicacao para isso??? Soh sei de uma coisa, mais uma vez mostramos que somos esclarecidos e limpinhos. "Temos Carnaval, folia e capirinha, mas na companhia da camisinha." (ate rimou).

Sunday 15 November 2009

Quando chove "cats and dogs"


A chuva aqui nao eh desculpa para nao sair de casa, pois o kit anti-molhadeira se faz presente desde os primeiros dias de vida de um cidadao britanico. Os carrinhos de bebes ja vem equipados com o plastico protetor, as criancas crescem dentro de suas botas de borracha, capa de chuva e logico todos tem suas coloridas "brolly". Portanto, mal tempo nao eh desculpa para ficar em casa comendo pipoca e assistindo TV eh so se equipar e encarar a agua.

Enquanto nao soubermos o email de Sao Pedro para pedirmos uma ajudinha a manter as torneirinhas do ceu fechadas, temos que driblar a situacao e garantir a diversao. Como prova disso, tenho uma foto curiosa que ilustra bem esse contexto. Dias atras, apos o almoco no Wagamama, a chuva veio sem doh nem piedade. Todos que estavam prestigiando a tarde do verao cinzento nas mesas a ceu aberto do restaurante tiveram que refugiar-se dentro do estabelecimento, exceto uma jovem que abriu a sua "umbrella" e ali ficou. Essa cena chamou minha atencao e serviu de exemplo que chuva nao eh motivo para perdermos o bom-humor, o que vale, eh a companhia.



Saturday 14 November 2009

Banheiro publico, coisa pra ingles ver


Usar banheiro publico nao eh uma das coisas mais simpaticas, porem, na hora do aperto, vai melhor do que uma moita qualquer. Em se tratando dos "toilets" por aqui... eu diria que a situacao nao eh tao mal. Fiquei impressionada quando fui ao banheiro do Hyde Park. Parecia uma boba alegre tirando foto. Fui obrigada a registrar o que vi, pois na hora pensei, "isso eh exemplo de gente civilizada".

Os decorativos azulejos sao mantidos intactos, nao ha vestigio de depredacao, rabisco ou algo do genero e ha inclusive papel higienico. Imagina se podemos encontrar o mesmo contexto no Brasil. Aposto que la, o primeiro a entrar num banheiro publico coloca o rolo de papel higienco na bolsa.
Nao encontrei nenhum recadinho atras das portas, do tipo: "Romildo, eu te amo" ou apenas a assinatura de alguem para marcar territorio como "Filomena 2009". Enquanto fazia meu xixi lembrei dos banheiros da minha universidade. As portas amarelas do centro 3, de Comunicacao, eram recheadas das mais diversas baixarias. Eram desde garotas postando o numero do telefone para marcar encontros, ate outas cositas mais.

Soh de lembrar isso ja fiquei com vergonha. Como pode?? Uma universidade, suponho eu, deveria ser um lugar de pessoas solicitas, mas se levarmos em conta as portas dos banheiros, vemos que nao eh bem assim. Isso tudo me faz concluir que a sociedade brasileira esta muito aquem de ser civilizada. Talvez possamos usar as paredes dos banheiros publicos como medidor de boa conduta. No dia em que os banheiros nas pracas, por exemplo, estiverem limpinhos, com papel higienico e paredes conservadas... pronto, estaremos mostrando evidencias de civilizacao e que sabemos preservar os patrimonios publicos.

Nem tudo eh cha das cinco...


Londres eh uma excitante cidade que oferece milhares de opcoes de entretenimento, mas no quesito "balada" noturna, eh um pouco caotica. Comecando pelo nivel de ingestao alcoolica, eh algo impressionante, sao muitas e muitas pints noite a dentro... Trata-se de uma questao cultural, eles encontram na cerveja a altrenativa para descontrair e relaxar as tensoes do dia a dia.

Como consequencia de tanto alcool na cabeca, nao pode sair coisa boa dai... Toda e qualquer vez que voce sai na balada o "show" se repete, eh briga na certa. Nao estou falando de bate-boca e sim de pancadaria, pegada pra valer. Parece que frequento "bocada brava" por ai, mas nao eh isso nao. Esse eh um comportamento comum nos lugares "posh". Ingles invocado esquece de ser "polite", do "sorry" e vai com tudo. Coisa de louco!

Nunca vou esquecer da cena mais violenta que ja presenciei na minha vida. Foi no Slug, em Fulham, em 2006, quando de repente o tumulto comecou. Nao sei o que motivou a discordia, mas eram tres brutamontes dando murro num cara que parecia tailandes, coreano... O coitado caiu no chao e levou chute na cara. Nunca tinha visto algo assim, e preferia nao ter visto. Nao consegui mais ficar la. Tive que ir embora.

E assim sao varias as encrencas que presenciei por essa Londres a fora. Como prova segue a foto fresquinha feita num pub. A cena aconteceu atras de mim. Quando olho pra tras, tinha neguinho sendo pego pela gravata e o nariz ja estava coberto de sangue. Sem comentarios!!! Balada aqui eh muito boring!!!
PS: algumas horas depois que eu postei esse texto acabei presenciando mais "rebu". Dois rapazes comecaram uma briga em frente a estacao de Wimbledon. Era por volta de meia-noite e meia, hora que o povo ja ta bem tocadinho no trago. Logico que tentei tirar foto, mas como estava longe a qualidade nao ficou boa. Enquanto isso, o cara "Off Licence" diz: "Every weekend is the same, drunk people and fighting".
Por isso eu digo: CODELOCO!!!!!!

Estacao leitura...


Praia pra mim eh curtir o sol, jogar volei na beira do mar, caipirinha, milho verde, agua de coco, musica, azaracao, celulites expostas, roda de amigos, alegria... Mas no primeiro verao aqui, descobri um contexto um pouco diferente, diria que se trata do estilo ingles de curtir a estacao. Comecando que o sol acanhado e vento nao eram nada muito convidativos, mas tudo bem, tava valendo por ser diferente.

Cadeiras postas na direcao dos raiozinhos de sol e comecou a diversao. Cada um com o seu livro, sentado e calado. Assim, os meus amigos ficaram por algum tempo. Acredito que estavam tendo orgasmos literarios, pois degustar paginas e mais paginas na beira da praia nao tem igual. Olhei para os lados e pensei: "cade a musica?", "cade a caipirinha circulando?", "cade a rodinha do volei?", "cade os caras olhando para a bunda das mulheres e comentando com o amigo do lado: olha que gostosa!"

Me senti um repolho caido pra fora da quitanda e percebi que a unica que tinha filtro solar, bone e estava sem livro era eu. Gente! Eu estava fora de conexao, tinha em mente que ia para o litoral e litoral pra mim eh aquilo que todo e qualquer brasileiro sabe. Afe! O tempo nao passava e para piorar passei por preguicosa intelectual por nao ter levado meu livro, jornal ou revista. Naquela hora eu rezava para achar qualquer coisa que fosse, ate bula de remedio ajudava, pois iria mostrar que eu tambem tenho interesse pela leitura.

A apreciacao pela leitura eh soberana na cultura inglesa. Todos levam consigo, alem de um guarda-chuva, o seu amigo livro. Por nao fazerem questao de interagir com as pessoas, cada um vive pra si, seja no onibus, no metro, no consultorio medico. Nao importa o lugar, o contexto eh sempre o mesmo. Sem troca de olhares, sem palavras, cada um na sua junto na companhia do IPod ou livro. Se nao bastasse, tem ainda aqueles lunaticos que leem ennquanto caminham. Parece exagero, mas eh fato.

A esposa do marido


Fico impressionada com aquelas mulheres que vivem na sombra do marido. Basta uma conversa de alguns minutos com uma de suas amiga e daqui a pouco ja vem os comentarios da orgulhosa esposa. "Eu nao podia ter marido melhor! O Adroaldo foi promovido recentemente no trabalho e esta bem feliz em sua carreira. Ele eh um pai maravilhoso, ninguem tem tanta habilidade com criancas como o meu marido"....

Papo vai, papo vem e tudo o que voce soube de sua amiga foi sobre o marido dela, pois a coitada vive as sombras do bonitao e nao tem vida propria, nao tem alegrias proprias... Entao, durante a rapida conversa que voces tiveram no encontro casual no supermercado ela para, olha no relogio e fala: "Tenho que voar, meu marido nao suporta chegar em casa sem que eu esteja o esperando. Preciso deixar a janta pronta. Tchau querida, liga para conversarmos". Dai eu penso: Ligar, eu? Pra que? Pra saber do seu marido? Cruzes!!

Geralmente as mulheres do tipo "esposas do maridinho" nao trocam a cor nem o corte de cabelo porque o marido nao deixa. Nunca pintam as unhas de vermelho porque o marido fala que eh muito "cheguei", sao bem o tipo "vaca atolada".

So de pensar nesse contexto sinto um frio na espinha, pois pra mim isso nao funciona, preciso ter meu proprio caminho, meu espaco, meus momentos, minhas conquistas, minhas alegrias, meus erros e acertos... Assim me sinto mulher de verdade e sempre tenho algum assunto para compartilhar com o meu maridao. Isso mesmo, eu nao tenho maridinho e nao sou esposinha. Tenho maridao, porque sou mulherao!!!!

Wednesday 11 November 2009

Novembro de 2005


Escolhi o mes que comemoro quatro anos em Londres para criar o meu blog. Aqui compartilho minhas emocoes, meus questionamentos, minhas inquietudes, revoltas, reflexoes... enfim, um pouco de mim, aqui nesse diario virtual.
Enquanto olho para a tela do computador vejo inumeras imagens projetadas em minha memoria dessa experiencia "made in England". Eh um misto de pessoas, momentos e sentimentos sem fim. O bom disso eh ter a sensacao de querer mergulhar no passado e fazer tudo outra vez. Nao tenho a menor duvida de que assim faria. Pegaria minhas malas, como naquela madrugada do dia 24 de Novembro de 2005 e me permitiria reviver a mesma historia, com os mesmos erros e acertos.
Acho que nunca estive tao calma e serena como no dia da despedida. Queria logo entrar no aviao e iniciar um universo de descobertas. Enquanto esperava pela decolagem me despedia de Porto Alegre atraves da janela e tambem de mim, pois estava certa que desde entao iniciava um novo caminho, uma nova Cris.
E assim se fez. Passo a passo a historia iniciou. Tudo o que eu possuia eram duas malas e minha vontade de explorar os quatro cantos da terra da rainha. Ao sair do aeroporto, aquela cara de deslumbre. Londres me recepcionou com uma linda paisagem de inicio de inverno, um ar geladinho e gostoso na manha do dia 25 de Novembro. O grande desafio era descobrir onde pegar o metro. Meu destino era a estacao de Earls Court. Mas e falar isso? De que jeito? Se eu abrisse a boca tudo o que eu tinha de mais elaborado para dizer era: I DONT SPEAK ENGLISH. Enfim, consegui chegar.
No metro, linha Piccadilly Line, meus olhos nao paravam. Queria observar tudo. Acho que a cena era um pouco engracada pois eu tinha duas malas giagantes. Enquanto eu carregava uma, deixava a outra para tras e assim foi. O vagao estava quase vazio e um simpatico senhor fez algum comentario que eu nao faco a minima ideia do que tenha sido. So sei que olhei com aquela cara de sanduiche sem presunto e a classica encolhidinha nos ombros, de como quem diz: nao entendi patavinas.
De Earls Cout segui para Wimbledon onde ficaria hospedada. Chegando la, bati na porta da casa numero 131 segurando carta que tinha todos os detalhes da acompodacao. Uma senhora (la na casa de seus setenta e picos) me recebeu. Fui para o meu quarto e pensava: uau, aqui estou. Ainda sem saber como era o jeito ingles das coisas, eu imaginava que ali iniciava meu intercambio e que a familia iria me levar para passear para conhecer a cidade e afins. Os dias foram passando e eu nem sabia ao certo quem era a familia. Era tipo, cada um por sim. Depois, percebi que a familia tratava-se da senhora Cuninham, seus dois filhos adolescentes e sua mae (a senhora que abriu a porta pra mim).
Lembro da minha cara de desapontamento quando vi a mesa do cafe da manha. Eram cinco pacotes de cereais, leite, cha, pao, bananas e um "bowl" para comer o cereal. Assim foi dia apos dia. Fiquei encasquetada com isso e pensava: "Caramba! Paguei caro por optar cafe da manha na hospedagem, sera que isso eh tudo de melhor que eles tem a oferecer?".
Passado algum periodo, quando ja familiarizada com o "jeitinho" ingles de viver, entedi o que se passava. O cafe da manha aqui resume-se nisso, cereal, cereal e de quebra, mais cereal. That's all!!!
Digamos que o quesito "culinaria inglesa" foi minha primeira decepcao. Comecando que o sal eh completamente abolido, nao importa qual seja o cardapio do dia, o sal se faz ausente. Fiquei transtornada com isso e ja na minha primeira semana senti falta do feijao com arroz. Nao me conformava que esse povo comia tao mal. Mas nem tudo esta perdido, por ser uma cidade cosmopolita eh facil de encontrar restaurantes diversficados de cozinha italiana, turca, portuguesa, grega, indiana...
Depois da questao "comida sem graca" me irritei com o jeito "polite" de ser. Aqui todo mundo diz "SOORRYY" por nada. Cruzes!!! Eh muito irritante. Eles tem um sentimento de culpa que nao tem explicacao, ate mesmo se vc tropeca em alguem a pessoa fala "SOORRYY". Acho que eles pensam que devem pedir desculpas por estar no seu caminho ou no caminho de quem quer que tropece ou encoste neles por acidente. Nao eh engracado???? Afe, eu nao aguento. Mas diria que isso nao se resume ao "SOORRYY", tem ainda o "THANK YOU". Qualquer coisa que vc faca eles nao param de agradecer dai comeca aquele: THANK YOU SOOOO MUCH! THANK YOU! THANK YOU!....
Falar de Londres e da experiencia de imergir na cultura britanica eh muito complexo. Se o mundo tivesse uma capital, certamente seria Londres, aqui tem de tudo e tudo acntece.